segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Review – Inside – Fantásticamente Bizarro

Inside da Playdead é algo difícil de explicar com palavras e merece ser jogado sem que você saiba nada sobre o jogo, pois a magia do mesmo está em conseguir te surpreender a cada minuto. Por isto, este talvez será o review mais direto e objetivo que já escrevi para a SuperGamePlay. O novo game da criadora do adorado Limbo é superior ao antecessor em todos os quesitos, mesmo mantendo certa semelhança com o mesmo, principalmente a nível de gameplay.
Por mais que eu tente, é impossível não continuar a fazer comparações com Limbo, já que Inside mantém não só um gameplay extremamente semelhante ao primeiro jogo da Playdead, mas também conta com uma atmosfera perturbadora e uma história aberta a interpretações. Em Inside você controla uma garotinho sem nome que aparenta estar fugindo de alguma coisa, em um futuro distópico, pós-apocalíptico e inquietante. Seu objetivo é simplesmente sobreviver enquanto o garoto se infiltra cada vez mais em um complexo industrial bizarro e começa a desvendar os segredos do local.
Assim como Limbo, é possível correr, pular e agarrar objetos. O garotinho pode puxar alavancas, empurrar caixas e abrir portas para resolver desafios. O gameplay simples jamais entra em conflito com o verdadeiro foco do jogo: sua atmosfera misteriosa. A cada minuto você será apresentado a cenas cada vez mais singulares e curiosas, cenários cada vez mais impressionantes e quebra-cabeças cada vez mais inteligentes e inquietantes.













Cada frame de Inside parece ter sido desenhado e detalhado com um cuidado sem precedentes e é impossível não se apaixonar imediatamente pela arte. A câmera alterna ângulos de forma inteligente, destacando certos elementos ou surpreendendo o jogador com a grandeza de alguns locais. Mesmo com o garoto mais próximo da tela, muitas vezes seus olhos irão escapar para o fundo, aonde uma cena bizarra ou curiosa está acontecendo. Os efeitos de som e a música pontuam com perfeição cada um dos momentos brilhantes do jogo. Até o silêncio total parece fazer parte da trilha sonora.
A falta de uma interface ou tutorial mostra mais uma vez como um game pode se beneficiar sem a presença destes elementos, já que assim como o protagonista que controlamos, você deve aprender e descobrir os mistérios daquele local por conta própria. Os quebra-cabeças e desafios são complexos o suficiente para te deixar envolvido com o jogo e jamais são frustrantes. Não passei mais do que alguns minutos pensando em como sair de algumas situações mais difíceis.
Nada em Inside é feito em excesso ou escassez. Quando novas mecânicas de jogo são apresentadas, estas são usadas com perfeição e na quantidade exata. Soluções de quebra-cabeças jamais são reutilizadas e os desafios jamais gastam tempo demais para se resolver. Até a sua curta duração (gastei pro volta de 4 horas) tem seu propósito positivo e Inside não se beneficiaria de forma nenhuma pelo aumento ou pela redução do número de horas de jogo.

Os seis longos anos gastos pela pequena equipe da Playdead para desenvolver Inside são totalmente justificáveis quando você se depara com as incríveis animações do jogo. As violentas cenas de morte do garotinho são absurdamente arrepiantes, graças a forma como tudo é perfeitamente animado. Objetos, personagens e outros elementos dos cenários, se comportam de forma muito realista. Graças a este trabalho de animação, os minutos finais do jogo entrarão para a história como uma das sequências mais incrivelmente bizarras e geniais de todos os tempos e isto talvez não seja elogio suficiente.
O único pecado de Inside talvez não seja derivado do jogo em si, mas da minha própria inaptidão. O game – assim como Limbo – deixa sua história e seu propósito excessivamente vago. Não me entenda errado, eu sou fã absoluto de uma narrativa que me faz pensar e discutir com os amigos por dias após terminar o game e isto aconteceu com Inside. Porém, tive bastante dificuldade em formular na minha cabeça uma interpretação mais concreta do jogo.
Independente desta minha incapacidade de interpretação, o fato é que Inside é uma obra-prima e definitivamente um dos melhores jogos do ano. A equipe da Playdead criou uma envolvente realização artística que deve ser experimentada por qualquer um, independente do estilo de jogo que você tenha preferência. As cenas brilhantemente bizarras de Inside ficarão para sempre marcadas em minha memória e servirão de tópico de discussão com os amigos por anos.

0 comentários:

Postar um comentário